Consumo & Consumismo
(Capa)
Consumo & Consumismo:
Quando alguém compra uma bolsa Louis Vuitton, ou um tênis Adidas, ou ainda uma televisão LG 48 polegadas com tela plana e um aparelho de DVD Blue Ray de última geração ou um aparente exclusivamente meio de locomoção (carro), na verdade leva para a casa ou deixa na garagem um símbolo. Isto é, expressa um estilo de vida, um modo de enxergar o mundo e diferenciar e distinguir e se afirmar uma pessoa da outra ou grupos de outras formações sociais, calibrando positivamente ou negativamente as escolhas.
Já parou para pensar o que representa um carro, além de te levar da casa ao trabalho ou para uma viagem pelo litoral? É o simbolismo do individualismo e espírito de liberdade defendido pela modernidade, bem como um objeto que seduz, dá prazer, concede status, poder e desperta a ambição dos indivíduos. Tanto que o escritor italiano Luigi Pirandello (1867-1936) chegou a dizer que o fruto da engenhosidade da raça humana é na verdade criação do diabo.
"Utilizando a sedução irresistível, o egoísmo e a ambição por status dos seres humanos, alcança o objetivo diabólico de gerar o caos nas cidades, o congestionamento das vias, a impossibilidade de estacionar, tudo seguido da paralisação da vida urbana", lembra o urbanista paulista Jorge Wilheim, em artigo na Folha de S. Paulo de 28 de julho deste ano, para comentar a situação do trânsito na maior cidade do Brasil.
Na visão do filósofo francês Baudrillard, o carro é onde é possível discernir com mais facilidade o conluio entre o nosso sistema subjetivo de necessidades e o sistema objetivo da produção. "O carro revela o objeto (...) a apresentação abstrata de qualquer finalidade no sentido de velocidade e prestígio, conotação formal, técnica conotação, diferenciação, catexia emocional, e projeção de fantasia", escreve. O homem se incorporando a uma máquina, o mito grego do Centauro atualizado e revisado.
Em sua obra, "Sociedade do Consumo: Mitos e Estruturas”, de 1970, o francês mergulha ainda mais fundo na dinâmica dos objetos no mundo contemporâneo e relaciona aqueles ao universo das compras: "É preciso deixar claro desde o início que o consumo é uma forma ativa de se relacionar (não só com objetos, bem como com a sociedade e o mundo), uma forma de atividade sistemática e resposta geral que sustenta nosso sistema cultural como um todo", revela. Ele vai mostrar na obra de que maneira as grandes empresas vão forjar irrepreensíveis desejos, criando novas hierarquias que substituem as tradicionais diferenças de classes. O ato de comprar, de ter coisas, transforma-se dessa maneira em um novo mito tribal, a moral dos tempos modernos, acrescenta.
Para ficar ainda no campo automotivo, o que Baudrillard quer dizer é o cerne da crônica descontraída dos cariocas irmãos Valle no disco "Mustang Cor de sangue, Corcel cor de mel", do final da década de 1960, quando o Brasil começa a entrar para valer na era do consumismo e da sociedade de massa: "a questão social, industrial, não quer que eu ande a pé, na vitrine um Mustang cor de sangue."
Dessa maneira, a informação é também uma mercadoria, ou ainda artífice de tendências de consumo ou "criadora" de modas. Os meios de comunicação também alimentam, assim, o sistema capitalista na sua essência mais profunda, isto é, de criar cada vez mais necessidades, para se elaborarem mais soluções e produtos, perpetuando a dinâmica dos meios de produção e fazendo o capital circular.
E a indústria fonográfica, do cinema, em suma, do entretenimento, também fazem parte dessa máquina. Como escreveu Karl Marx no seu ensaio "Manuscritos econômicos filosóficos", de 1884 - também conhecido como "Manuscritos de Paris", cidade na qual residia na época o filósofo alemão - no interior da propriedade privada: "Cada homem especula sobre como criar no outro uma nova carência, a fim de forçá-lo a um novo sacrifício, colocá-lo em nova sujeição e induzi-lo a um novo modo de fruição e, por isso, de ruína econômica”.
MÍDIA
Sendo os meios de comunicação um dos pilares do sistema vigente, no caso o capitalismo, é de se esperar a difusão das suas ideias por meio dos seus veículos. E até o tempo livre e de lazer é travestido em momento de consumo. É a culpa de nada fazer versus o imperativo do consumo; e também tempo de não pensar e fugir do dia a dia.
Baudrillard também era fotógrafo. E, ironicamente, foi um ferrenho crítico da proliferação de imagens no mundo contemporâneo e sua influência no cotidiano dos sujeitos e de que maneira estes enxergam o mundo e a realidade, e desenvolveu a teoria sobre a simulação e simulacro em livro homônimo de 1981. Para ele, o fenômeno faz com que seja criada uma espécie de "hiper-realidade", que não é nem o objeto retratado nem tampouco a sua reprodução. "Atravessando um espaço cuja curvatura não é mais aquela do real, nem da verdade, a era da simulação é inaugurada pela liquidação de todos os referenciais", analisa.
Sendo o funcionamento da sociedade apoiada em um sistema desse tipo, a dominação torna-se mais fácil, mas que por sua vez opera por uma complexa lógica e que esconde tal condição, não distinguindo dominados e dominantes. Explica-se que o que faz a distinção entre a dominação e a hegemonia é a falência da realidade: "A globalização, que na verdade nada mais é do que a hegemonia de uma potência mundial, só pode ocorrer nesse contexto do virtual e das redes", diz. Isso ocorre porque ela precisa simular uma homogeneidade, uma igualdade entre as culturas e entre os povos. "A simulação só acontece porque os signos estão esvaziados de sua substância", acrescenta:
A potência mundial em questão são os Estados Unidos, que a partir da queda do muro de Berlim, em 1989, e o fim do bloco soviético, afirmaram-se mundialmente como nação global e hegemônica. Na obra em questão, o filósofo diz que a Disneylândia é um modelo perfeito de todos os elementos do emaranhamento de uma obra de simulacro, com todos os seus "fantasmas e ilusões", como piratas e o mundo futurista, atraindo multidões porque representa ou emula um microcosmo social, uma miniatura dos prazeres da "América real", do idealizado modo de vida e pensar do estadunidense, com suas alegrias e repressões. E ao mesmo tempo o parque temático criado por Walt Disney e seus personagens, apesar de sustentarem uma ideologia, esconde a verdadeira América, com seus paradoxos e imperfeições.
"Sociedade do Consumo: Mitos e Estruturas"
"O corpo ajuda a vender. A beleza ajuda a vender. O erotismo promove igualmente o mercado. E não é este o menor dos motivos que, em última instância, orientam todo o processo histórico de 'libertação do corpo'. Com o corpo acontece a mesma coisa que com a força de trabalho. Importa que seja 'libertado e emancipado' de modo a ser racionalmente explorado para fins produtivistas. Assim como é necessário que atuem a livre determinação e o interesse pessoal - princípios formais da liberdade individual do trabalhador - para que a força de trabalho possa mudar-se em procura salarial e valor de troca, também é preciso que o indivíduo consiga redescobrir o próprio corpo...”
Meios de comunicação
Baudrillard criticava a mídia de massa e a realidade virtual criada no universo da internet. Porém, pode-se dizer que o veículo também criou novos mecanismos para os sujeitos se expressarem (muitas vezes criticamente), como ocorreu recentemente no caso das eleições do Irã, em que o site de microblogging serviu de arauto para descontentes de um pleito que reelegeu Mahmoud Ahmadinejad.
Conclusão:
- Num trabalho de pesquisa realizado pelo jornalista Marcelo Galli, onde foi colocado muito da Obra do filósofo e sociólogo francês Jean Baudrillard, à conclusão que chego é que a mídia é responsável pelo consumo exagerado, pois enfia-nos goela adentro tudo que a indústria produz tanto bens de consumo necessários quanto os supérfluos.
O que as marcas fazem com as nossas crianças é um absurdo, através de demonstrações de corpos e vidas perfeitas criam a falsa impressão de que se não tivermos tal bem de tal marca que estamos fora do grupo e fora do contexto social...
Criamos expectativas, tentamos curar nossas frustrações consumindo...
Muitas vezes fazemos isso com a comida o que acaba levando-nos à obesidade; Se prestarmos atenção ao nosso comportamento, e passarmos um determinado tempo numa loja andando com nossas compras no carrinho iremos perceber o quão desnecessárias são as coisas que estamos levando pra dentro de nossa casa...
Quer dizer, nos precipitamos em nossas escolhas e na maioria das vezes compramos muito mais do que necessitamos. Como uma fuga, uma satisfação pessoal, um meio de suprir “talvez” necessidades emocionais. Isso já se tornou um mal nesse século, dado comprovado que já se tratam em alguns casos como doença com medicamentos e terapia... Como doença chama-se compulsão e num caso mais aceitável- consumismo, aquilo que se faz por paixão, sem medidas. (Minha conclusão)
Bibliografia:
Pesquisa: Marcelo Galli - Jornalista
http://sociologialimite.blogspot.com.br/2009/10/viver-para-o-consumo-para-os-alunos-da.html